"Nunca se deve esquecer que os eventos de moda são pura fantasia"

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09/03/2007 | DIÁRIO DE NOTÍCIAS | SOCIEDADE | 24
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A capital acolhe desde ontem, até domingo, mais uma edição da Moda Lisboa, a 28.ª, numa altura em que o mundo escrutina as 'passerelles'. Não só para olhar as tendências, mas também para avaliar da magreza das manequins. Mas a anorexia fica à porta do Museu Nacional de História Natural, garantem os agentes da moda
"Já fui anoréctica!" É uma confissão inesperada a de Aneta, uma das dezenas de manequins que circulam pela sala de maquilhagem no primeiro dia da 28.ª edição da Moda Lisboa. "No início da minha carreira estava numa agência que não era muito profissional e nos pressionava muito. Optei por deixar de comer." À modelo de 22 anos, da República Checa, valeu-lhe a mãe que se apercebeu da situação e reparou os danos.


A morte de várias modelos brasileiras alertou o mundo da moda para o problema camuflado da magreza excessiva das raparigas que cruzam as passerelles. Como reacção imediata os espanhóis estabeleceram para a semana de moda de Madrid peso mínimo para as manequins que entraram no evento da Cibeles. "Mas em Portugal essa questão não se põe", garante Paulo Gomes, director de Casting da Moda Lisboa, "aqui escolhe-se as raparigas por serem bonitas". E deixa o alerta, para evitar equívocos : "Uma coisa é serem magras e giras outra coisa é serem anorécticas."


Acabado de chegar de Paris e Milão "onde nada mudou", escolheu cem modelos, de ambos os sexos para participarem neste evento, com a concordância imediata da directora da Moda Lisboa, Eduarda Abbondanza , que tem como linha condutora um grupo de modelos "harmonioso". "Há um visionamento das manequins para que tenham uma boa forma física, mas não as pesamos. O que queremos são bons exemplares da raça humana", vinca a responsável máxima deste acontecimento de moda.


Por entre os almofadões dos bastidores esperam pela sua vez de serem preparadas dezenas de manequins de várias nacionalidades. Daniela e Thaiza, são duas modelos brasileiras, que reconhecem haver muita pressão por parte das agências para que a forma física seja perfeita, mas como são "naturalmente magras" esse é um assunto que não as preocupa. Tal como à portuguesa Sónia Balacó que se indigna pelo facto das "magras serem penalizadas por serem confundidas com as anorécticas".


Os estilistas são desresponsabilizados da tarefa de escolher os seus modelos porque "esse trabalho é feito pela organização", reconhece Alexandra Moura, a primeira estilista a entrar em cena na 28.ª edição da Moda Lisboa. Mas admite que não quer "obviamente manequins gordas". Assim como o criador Dino Alves que "entre uma perna fina e uma roliça" escolhe de caras "a fina". Os dois concordam que "uma coisa é ser magra outra coisa é ser doente".


Chegou o grande momento. Perfilam- -se, sofrem os últimos retoques dados pela própria criadora Alexandra Moura, e entram na passerelle sob o olhar do público que ontem foi ao Museu Nacional de História Natural, também assistir aos desfiles de Dino Alves e Max Chernitsov. Que deixa a sentença: "Nunca se deve esquecer que os eventos de moda são pura fantasia."


Desfiles de hoje

19.00 Nuno Gama
20.00 Filipe Faísca
21.30 Lion of Porches
22.00 Ana Salazar

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